Fantasma

Ressurge das profundezas como um fantasma antigo que retorna para te aterrorizar. Eu disse, não volte por aquele caminho, não pense em pegar aquele atalho novamente ou passar perto, perto o suficiente para causar arrepios.
Aquela sensação de terror, um terror congelante, desesperador que vem de dentro, tão inesperado que causa uma angustia agoniante. As forças me faltam. Não sei para onde correr. E por mais que tente achar o caminho de volta, não enxergo com clareza, minha visão embaça, o mundo gira e tento me agarrar em alguma coisa real. Não acho, não consigo, caio!
Caio e continuo caindo. Em um poço escuro, frio e úmido. Não sei onde vou parar, só queria chegar ao fundo para acabar com a sensação de eterna queda.
Tenho medo de encostar no chão e tocar em qualquer coisa estranha, que não conheça ou entenda. Mas sei que o único caminho é esse: chegar ao fundo para poder me levantar. Apenas quando encontrar o chão, vou poder dar um impulso para ficar de pé e voltar.


It doesn´t matter how hard I try

And so, your presence is still alive. Your like an alive ghost, even when I think your gone, you suddently appear; when I look to the other side, there you are; when I think I´m strong enough, I see your smile in that little picture and so the world makes no sense. Why? I try the best I can, but I can´t avoid to go the same way all day, and can´t stop doing and following the same steps, because your way crosses mine somewhere, I can´t stop smelling ang tasting the world because something reminds you, I won´t stop listening the music I like because unfortunatilly you have the great sense for music like I do. I won´t stop living my life because someday you where a part of it, because one day you came across me, and that was such a happy moment. But why I can´t stop trying to control everything, looking for a sad clue that would hurt myself so I can take it over? One thing I know for sure, I´m strong enough to say no, because I do know what a want, and I tried to make that work. So that keeps myself calm for a while, because I tried, and so you?

Angústia

Sinto aquele pontinho salgado escorrer por sua face, aquela lágrima já domesticada a seguir a linha profunda da tristeza marcada em sua face como fundos sulcos de amargura e pezar. E aquela gotinha segue e se acomoda no canto do rosto para em seguida escorrer manchando a fronha do travesseiro.


Ela parada, ali inerte como se nada mais a afetasse, não pode calcular quanto tempo passou, o tempo não importa, se pudesse ela fecharia os olhos e dormiria, apenas dormiria, e acordaria quando o rio de lágrimas dentro dela secasse, e essa angústia se fosse. O pior dos sentimentos, não existe remédio que aplaque essa dor, ainda não inventaram uma fórmula para tal, ou o mercado farmacêutico já estaria trilhardário, sendo sustentado pela dor alheia.


Queria não pensar em nada, apenas o tempo seria um bom remédio, mas assim como pode curar, é, também, uma dose do veneno que ela toma, quando mais espera, quanto mais anseia para dar cabo deste sentimento, mais ele se alimenta. Chega o fim do dia, essa dor não parece ceder, então esse mesmo tempo se torna um inimigo, pois ele a separa do final.

Reescrevendo velhos contos

Cansei, cansei desses encontros e chá de amigas. Amigas da onça, isso sim! Dobrando o cabo-da-boa-esperança, solteironas desiludidas e além de garras, línguas afiadíssimas... Cansei de suas futilidades estéticas e do planejamento tático para agarrar um "bom partido". Minha mente não suporta mais processar essas sentença: "Ai! Só falta achar meu príncipe...(suspiros)". Realidade, bata à porta, por favor!
Cavalos brancos não andam masi pelas rua, será que você já não está com Alzaimher e parou no século errado? Conheço os atuais "cavalhinhos": motorizados, quatro rodas, lataria brilhante e um belo logo reluzente no capô. Mas ao invés de príncipes, são guiados por gostosões, oportunistas e seus alteregos inflados, não receberam boa educação real e não são admirados por sua cortesia e bons modos, isso nem passa perto.
E as princesas? Decadentes ou plastificadas... o tempo e a gravidade são suspensos por liftings, fios russos, butox, silicone e muitos cortes e espichamentos. Ingenuidade e femilidade lacradas a vácuo em um badage-dress, mal cobrindo a falsa  curva fabricada do bumbum. Agora só falta me convencer que o Sr.Excelentísso-João-Pedro-Augusto foi o único grande amor de sua vida... Tá, conta outra história da carochinha.... Cadê a bruxa e o caçador malvado? Tem espaço para os 3 porquinhos, a Chapeuzinho e o Lobo-Mau nessa história?
Querida, tenho um conselho: vá ao sapateiro trocar a forma desse sapato, acho que na hora do baile você se confundiu e pegou emprestado o sapato da princesa errada. Mas corra porque a carruagem vira abóbora à meia-noite....

Arrancada

...vruuuuummmm.... vruuuuuummmmmmmmmmmmmmmmmmm.....
- Escutem o som destas máquinas!!!! ....vrrrrruuuuuuuummm vruuuummmmm vruuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum
O locutor faz o público incendiar na arquibancada.
- Quem tá gostano faz barulho!!!!!
Ê ê ê ê ê êê ê ê ê êê êê ê ê ê
Imune aos ruídos e a agitação do público do lado de fora do carro, o piloto se concentra.
"É hoje o dia! Eu sinto! Carrinho, somos eu, você e, a pista! só 5km e a linha de chegada..."
-Que espetáculo!!!
"Que poder sentado nesta máquina! A vitória está em minhas mãos! ... ou nesse caso, pés..."
- Hora de alinhar os carros para a largada!
...vruuuuuuuuuuuummmmmmmm...
"Que sinfonia espetacular. 300 cavalos, um pedal, 5km em 8 segundos... e lá no final a Glória!"
- Acenderam as luzes!
...vruuuummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm mmmmmm mmm m m mm m....
"2ª marcha. Câmbio. 3ª.... 100km/h. 4ª marcha. 160km/h... 5ª... 220.... quase lá!"
[...]
Dizem que aqueles poucos segundos entre a arrancada e a chegada, naquela linha que separa vencedores e perdedores, é um momento de liberdade extasiante. E os instantes que precedem a batida é como um piscar de olhos, de repente os pensamentos voam em outra direção e já não se está mais lá... Ninguém pensa na glória do derrotado ao acabar em uma última tentativa inconsciente e desesperada de roubar o momento de ascensão do vitorioso, que para sempre será lembrado em segundo plano quando se falar deste dia futuramente. Este será o eterno momento de glória do segundo colocado ao roubar o brilho de campeão, estampando as notícias de sua façanha: "Vice sai ileso de capotagem mortal". Mesmo que lhe custe a vida? Valerá?

Estranha cumplicidade

Outro dia finda, segue para a parada do ônibus. Multidão, fila, bancos ocupados, um lugar ao canto de pé. Uns descem na próxima parada, mas outros sobem a bordo, desfile de estranhos. Segue o percurso com seus fones ao ouvido, imersa em pensamentos, alguns rostos são familiares, alguns gestos comuns, outros aromas que cortam o ar resgatam memórias, saudosas memórias.
Do lado oposto nota-se uma face já conhecida, a presença de ambos é sabida, mas palavras nem gestos são trocados, apenas a sensação de uma estranha cumplicidade. Atuando como curiosos observadores dessa massa, ambos aprenderam a ler sinais, estudar gestos e se deliciar com cada pequena história. Assim, surgiu uma curiosa amizade de genios, eram observadores e observados ao mesmo tempo, e se divertiam com as mesmas histórias. Cúmplices, também, nas atuações de cada, aprovavam com um olhar ou sorriam com a alma. Não precisavam de formalidades, nomes, acenos, cumprimentos, nada, apenas a cumplicidade construída de uma idéia em comum.

Rose's Unique Act

Act 1. The song starts. Rose came across the salon dancing, going round and round in circles, her dark long hair floating above her thin shoulders made her body seems slander and lighter than it actually was. The white satin dress… Rose was laughing to herself, as the whole world was made into a big party to receive her as the main character. At looking at her from a distance you might believe she was just a spoiled child playing among pretty dolls and candies, excited and in great happiness, though life has never tasted this sweet for her. “Rose… Rose…” is there someone calling out her name? - Rose blushes for a while - That must be some mistake. The party must continue - She is shinning so much brighter than before, her white skin… everybody keeps adoring her, her feet seems no to be hurting anymore, just as her body doesn’t seem so painful anymore, the song slowly starts turning down, so as the beating of her heart… the song ends. Rose’s life ends. First Act End.

É hora de mudar

Escrevo. Sempre achei insensível e hipócrita essa forma de se despedir. Mas, nos filmes sempre foi a forma mais digna de dizer adeus.

Escrevo, pois, não suportaria responder a certas perguntas que certamente seriam feitas. Estas não teriam resposta ou não mereceriam uma. Minhas justificativas seriam palavras vazias para você, mas não para mim. Certas coisas fazem muito mais sentido para mim do que para você. Por isso não posso mais continuar, estou cheia dessa relação, se é que se pode chamar de relacionamento. Estou cheia de você. Estou cheia de mim mesma.
Estou dando adeus. Digo: não preciso mais de ti. Não há mais espaço para um fantasma em minha vida. O fantasma da presença-ausente, do próximo-distante. Teu toque já não me afeta mais, tuas palavras e teu carinho me são indiferentes. Procurei afeto e segurança e encontrei. A sensação de compreensão e cumplicidade, acredito que eram sinceras e verdadeiras. Mas, descobri que não preciso mais de ti como julgava que precisava. Tudo o que julgava que precisava, de minha própria maneira.
Tudo o que nós tínhamos, eu podia encontrar em meus amigos, em pessoas verdadeiras, não em um sonho. Me enganei julgando que gostava de ti. De certa forma sim, até o momento em que ainda nos divertíamos. O que aconteceu? Não me peça explicações, você não iria querer ouví-las.
Ok. Explico, querido.
Foi tudo um jogo. Jogos são tão divertidos. Mas foi mais um capricho meu. Sem remorsos, sem ressentimentos. Quando eu percebi que não podia ter o que queria, do jeito que eu queria: inventei esse jogo. Confesso, sou muito mimada. Meu ego sempre, eu em primeiro lugar.
Ok, mas não foi só eu quem ultrapassou os limites. Nossos joguinhos foram ótimos enquanto duraram. Mas, foi só um jogo. Coisa de pele. Acabou.
Tudo é efêmero em minha vida. Minha necessidade de ti acabou. Se é que houve alguma. Acreditei realmente que precisava, realmente por momentos cheguei a acreditar. Do que realmente precisava era de outro passatempo. Amizade, amizade, prazer à parte.
Estou sendo egoísta de novo, não é? Sempre fui assim, você sabe. Ah, vai me dizer que você também não é? Você e suas malditas conveniências.
Adeus, querido. Foi divertido enquanto durou, não!?

A vista

Pareço outra pessoa, estou fora de mim. Fui uma simples espectadora de todas as pequenas tragédias que precederam esse dia, as quais não pude ter controle. Estou acabada, liquidada, sem forças.
Recolhi-me a este canto, onde me sinto tão segura. A vista, daqui de cima, é vertiginosa, mas tranquilizante, e estranhamente continuo sentindo-me segura aqui. Este ponto, de onde posso ver todos vivendo distraidamente, e de onde ninguém pode enxergar-me. Como é triste, desolador, sinto a solidão tomar conta de mim. Chegando, assim, de mansinho, tornando este apartamento vazio e sombrio. Este espaço, antes tão cheio de alegrias, cores e sons. Sinto, sinto, mas não consigo realmente acreditar. O luto é doloroso e solitário.
Confesso, talvez, eu seja realmente uma daquelas pessoas frias e insensíveis, nem ao menos uma única lágrima derramei. Insensível. Minhas glândulas lacrimais são demasiadamente orgulhosas para derramar sequer uma gota deste líquido salgado que escorre através dos olhos, quando a tristeza aperta.
Oh, querido, como pude deixar isto acontecer? Eu, antes tão zelosa e dedicada. Maldita pressa, maldita correria do dia-a-dia. Péssima hora em que optei por tornar insuportável nossa rotina. Dois empregos que garantiriam um futuro mais confortável e feliz? Agora, não vejo mais futuro, pelo menos o seu presente não existe mais.
Ao meu lado jazem os presentes que compramos pelo última vez, naquela loja que você tanto amava, as encomendas acabaram de chegar. Insensíveis, os entregadores que nem cogitaram a hipótese de levar embora estes pacotes, e ainda exigiram assinaturas, e a gorgeta, pelo “bom serviço”. Nem ao menos notaram meus olhos inchados, as olheiras marcadas, os cabelos armafanhados, as unhas lascadas, e meu pijama amarrotado. Ou fingiram que não notaram. Bom serviço? Onde está a humanidade e o bom senso? Digo e repito: o mundo está perdido.
Não preciso de sua pena, apenas de alguém para conversar, e contar nossas aventuras. Você era tão bom para mim. Você me fazia rir, amar, tolerar, chorar, conversar. Entendia-me perfeitamente, concordava comigo mesmo estando errada, e compartilhava as horas de medo sob um dia de tempestade. Como sinto falta de seu hálito em meu rosto e de suas brincadeiras bobas.
Poderia ter sido eu, ao invés de você. Eu tão apressada, era o alvo daquele carro, não você. Nosso caminho matinal. Tão acomodada à rotina, nem mais prestava atenção. Culpa minha. Você tão fiel amigo. Diziam que Dave não parecia ser nome de cão, mas você era mais que apenas um cachorro. Meu melhor amigo. Agora estou aqui novamente, compartilhando de meus medos com minha solidão.

A viagem

- Estação Rodoviária!
Mal aquela voz mecanizada e enfadada, pronunciou a última vogal, ele havia saltado do trem com seus pertences. Continuou seu trajeto em uma corrida desenfreada por entre a multidão que transitava pela estação. Bilhete na mão, um pedaço de papel que o faria embarca em uma viagem que não seria igual às outras.
Circundava o centro da estação em busca do ônibus marcado: “Box 54... 56... 57... 61... 64!”
Sim, havia chegado. Uma sensação de alivío o tomou ao ver rostos desconhecidos. Mesmo assim, lhe pareciam tão familiares. Despachou suas mochilas no bagageiro, apresentou o ticket, e embarcou com o restante da excursão que aguardava o horário de saída combinado. Era uma experiência diferente que experimentava: ser bem recebido por pessoas que lhe eram estranhas, com sorrisos e olhares agradáveis. Nunca havia sido assim.
Apertou a mão apenas de uma pessoa, com a qual havia se comunicado semanas antes. Fora um convite inusitado, mas algo lhe impelira a aceitar. Aceitara e lá estava. Sentado em um banco com dois lugares, recostado na janela, observava cada um dos passageiros. Tipos variados: sérios, engraçados, compenetrados, espontâneos, alegres, agradáveis, complacentes, simpáticos... Casais conversando alegremente, namorados entre afagos ao fundo do ônibus, amigos discutindo as últimas novidades da semana, o menino jovem ao canto escutando seu mp4, mãe e filha abanando para os parentes na plataforma da estação, outra mãe arranjando uma namorada para o filho à vista de uma futura nora dedicada, a garota simpática manobrando contra as investidas da dupla, família fazendo planos para a viagem e para as próximas que se seguiriam, outra garota checando seus pertences mais uma vez... as futuras personagens centrais de uma trama? Seria uma viagem interessante, pensou. Finalmente, relaxou em seu assento.
Não vira o ônibus deixar a estação. Sobressaltado, acordou no meio da noite após um solavanco muito forte. Demorou algum tempo até acostumar a visão à penumbra. Tentava imaginar em que região se encontravam, mas a estrada lhe era estranha. Achava que sua mente ainda estava entorpecida pelo sono. Não queria pensar, não queria raciocionar, nem racionalizar o motivo que o levou àquela viagem. Sempre achara uma coisa sem propósito e algo covarde fugir dos problemas. Mas, ele não resistiu às últimas investidas da sorte contra ele, acabou cedendo. Precisava de um tempo longe da loucura que se tornara sua vida, ou na qual transformaram sua vida. Orgulhoso demais para admitir seus erros e retroceder em suas escolhas, acabou se afundando em mais problemas.
Outro solavanco mais forte, o fez despertar de seus pensamentos. “Hummm, quantos burracos nesta estrada....”. Seguido, de mais uma guinada para a esquerda de modo estranho. Outro solavanco, e um estouro. Neste mesmo instante, o ônibus perdeu a direção, saindo da estrada. Meio inclinado, metade do ônibus era guiado fora da estrada, andando sobre cascalhos, pedras e buracos enormes. André, corre até a gabine para ver o que acontece, afinal era quem estava mais perto e acordado. Recorda seus pensamentos: “Não achei este motorista muito confiável, mesmo”.
A cena que se segue, lhe parece surreal: caindo sobre o volante, estava o motorista que parecia desacordado, segurado ainda em sua mão um pote com alguns comprimidos que agora jaziam pelo chão. Ao que lhe parecia ele havia sofrido de algum mau súbito ou utilizava de substâncias ilícitas. Em uma fração de segundos, apanhou com o olhar toda a cena e tomou uma decisão: tomar a direção. Mas, antes que pudesse controlar totalmente a situação, o ônibus perdeu mais uma vez o controle, passando por um buraco maior, desta vez o baque foi tão violento, que o arremessou para longe, jogando toda a força de seu corpo contra o vidro. Caiu inconsciente.