Estranha cumplicidade

Outro dia finda, segue para a parada do ônibus. Multidão, fila, bancos ocupados, um lugar ao canto de pé. Uns descem na próxima parada, mas outros sobem a bordo, desfile de estranhos. Segue o percurso com seus fones ao ouvido, imersa em pensamentos, alguns rostos são familiares, alguns gestos comuns, outros aromas que cortam o ar resgatam memórias, saudosas memórias.
Do lado oposto nota-se uma face já conhecida, a presença de ambos é sabida, mas palavras nem gestos são trocados, apenas a sensação de uma estranha cumplicidade. Atuando como curiosos observadores dessa massa, ambos aprenderam a ler sinais, estudar gestos e se deliciar com cada pequena história. Assim, surgiu uma curiosa amizade de genios, eram observadores e observados ao mesmo tempo, e se divertiam com as mesmas histórias. Cúmplices, também, nas atuações de cada, aprovavam com um olhar ou sorriam com a alma. Não precisavam de formalidades, nomes, acenos, cumprimentos, nada, apenas a cumplicidade construída de uma idéia em comum.

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