Estranha cumplicidade

Outro dia finda, segue para a parada do ônibus. Multidão, fila, bancos ocupados, um lugar ao canto de pé. Uns descem na próxima parada, mas outros sobem a bordo, desfile de estranhos. Segue o percurso com seus fones ao ouvido, imersa em pensamentos, alguns rostos são familiares, alguns gestos comuns, outros aromas que cortam o ar resgatam memórias, saudosas memórias.
Do lado oposto nota-se uma face já conhecida, a presença de ambos é sabida, mas palavras nem gestos são trocados, apenas a sensação de uma estranha cumplicidade. Atuando como curiosos observadores dessa massa, ambos aprenderam a ler sinais, estudar gestos e se deliciar com cada pequena história. Assim, surgiu uma curiosa amizade de genios, eram observadores e observados ao mesmo tempo, e se divertiam com as mesmas histórias. Cúmplices, também, nas atuações de cada, aprovavam com um olhar ou sorriam com a alma. Não precisavam de formalidades, nomes, acenos, cumprimentos, nada, apenas a cumplicidade construída de uma idéia em comum.

Rose's Unique Act

Act 1. The song starts. Rose came across the salon dancing, going round and round in circles, her dark long hair floating above her thin shoulders made her body seems slander and lighter than it actually was. The white satin dress… Rose was laughing to herself, as the whole world was made into a big party to receive her as the main character. At looking at her from a distance you might believe she was just a spoiled child playing among pretty dolls and candies, excited and in great happiness, though life has never tasted this sweet for her. “Rose… Rose…” is there someone calling out her name? - Rose blushes for a while - That must be some mistake. The party must continue - She is shinning so much brighter than before, her white skin… everybody keeps adoring her, her feet seems no to be hurting anymore, just as her body doesn’t seem so painful anymore, the song slowly starts turning down, so as the beating of her heart… the song ends. Rose’s life ends. First Act End.

É hora de mudar

Escrevo. Sempre achei insensível e hipócrita essa forma de se despedir. Mas, nos filmes sempre foi a forma mais digna de dizer adeus.

Escrevo, pois, não suportaria responder a certas perguntas que certamente seriam feitas. Estas não teriam resposta ou não mereceriam uma. Minhas justificativas seriam palavras vazias para você, mas não para mim. Certas coisas fazem muito mais sentido para mim do que para você. Por isso não posso mais continuar, estou cheia dessa relação, se é que se pode chamar de relacionamento. Estou cheia de você. Estou cheia de mim mesma.
Estou dando adeus. Digo: não preciso mais de ti. Não há mais espaço para um fantasma em minha vida. O fantasma da presença-ausente, do próximo-distante. Teu toque já não me afeta mais, tuas palavras e teu carinho me são indiferentes. Procurei afeto e segurança e encontrei. A sensação de compreensão e cumplicidade, acredito que eram sinceras e verdadeiras. Mas, descobri que não preciso mais de ti como julgava que precisava. Tudo o que julgava que precisava, de minha própria maneira.
Tudo o que nós tínhamos, eu podia encontrar em meus amigos, em pessoas verdadeiras, não em um sonho. Me enganei julgando que gostava de ti. De certa forma sim, até o momento em que ainda nos divertíamos. O que aconteceu? Não me peça explicações, você não iria querer ouví-las.
Ok. Explico, querido.
Foi tudo um jogo. Jogos são tão divertidos. Mas foi mais um capricho meu. Sem remorsos, sem ressentimentos. Quando eu percebi que não podia ter o que queria, do jeito que eu queria: inventei esse jogo. Confesso, sou muito mimada. Meu ego sempre, eu em primeiro lugar.
Ok, mas não foi só eu quem ultrapassou os limites. Nossos joguinhos foram ótimos enquanto duraram. Mas, foi só um jogo. Coisa de pele. Acabou.
Tudo é efêmero em minha vida. Minha necessidade de ti acabou. Se é que houve alguma. Acreditei realmente que precisava, realmente por momentos cheguei a acreditar. Do que realmente precisava era de outro passatempo. Amizade, amizade, prazer à parte.
Estou sendo egoísta de novo, não é? Sempre fui assim, você sabe. Ah, vai me dizer que você também não é? Você e suas malditas conveniências.
Adeus, querido. Foi divertido enquanto durou, não!?