Angústia

Sinto aquele pontinho salgado escorrer por sua face, aquela lágrima já domesticada a seguir a linha profunda da tristeza marcada em sua face como fundos sulcos de amargura e pezar. E aquela gotinha segue e se acomoda no canto do rosto para em seguida escorrer manchando a fronha do travesseiro.


Ela parada, ali inerte como se nada mais a afetasse, não pode calcular quanto tempo passou, o tempo não importa, se pudesse ela fecharia os olhos e dormiria, apenas dormiria, e acordaria quando o rio de lágrimas dentro dela secasse, e essa angústia se fosse. O pior dos sentimentos, não existe remédio que aplaque essa dor, ainda não inventaram uma fórmula para tal, ou o mercado farmacêutico já estaria trilhardário, sendo sustentado pela dor alheia.


Queria não pensar em nada, apenas o tempo seria um bom remédio, mas assim como pode curar, é, também, uma dose do veneno que ela toma, quando mais espera, quanto mais anseia para dar cabo deste sentimento, mais ele se alimenta. Chega o fim do dia, essa dor não parece ceder, então esse mesmo tempo se torna um inimigo, pois ele a separa do final.